Projeto de Basquetebol em Cadeira de Rodas

Projeto "Basquetebol em Cadeiras de Rodas" desenvolvido na Regional Catalão tem destaque em campeonatos

Por Welliton Alves. Em 19/12/14 10:19. Atualizada em 19/12/14 14:50.

Confira um bate-papo feito com o atleta José Carlos e a coordenação do projeto a respeito de realidades e expectativas.

O projeto de extensão do Departamento de Educação Física intitulado “Basquetebol em Cadeira de Rodas” inicialmente foi criado para atender as necessidades especiais de pessoas portadoras de deficiência física. O fato de o departamento do Curso de Educação Física da Regional Catalão/UFG possuir cadeiras adaptadas para a prática do esporte influenciou diretamente para o início do projeto, incluindo também, os alunos do departamento que participaram do Curso de Capacitação: Basquetebol em Cadeira de Rodas.

O atleta José Carlos dos Santos Rodrigues, 42 anos, integra esse time de esportistas. Segundo ele, foi convidado a conhecer o projeto em 2011, se interessou e logo começou a participar dos treinos. José Carlos já participou de vários campeonatos, dentre eles, o Campeonato Brasileiro de Basquetebol em Cadeira de Rodas, e “foi uma sensação indescritível”, conta.

 

JOSÉ CARLOS COM LEÕES SOBRE RODAS

José Carlos com a equipe Leões sobre Rodas, equipe de Aparecida de Goiânia, durante o Campeonato Brasileiro de Basquetebol em Cadeira de Rodas, realizado este ano em São Paulo.

 

Os planos do atleta não param por aí, ele busca melhorar o seu condicionamento físico, técnico e psicológico, para que através desse projeto, ele continue participando de campeonatos de níveis estaduais e nacionais, como também almeja campeonatos mundiais. Ele busca construir uma carreira profissional sólida, para que ao se aposentar, possa viver apenas do esporte Basquetebol em Cadeira de Rodas.

Segundo José Carlos, deve-se levar em conta algumas dificuldades que ele encontra por parte da Universidade e da organização dos campeonatos. Ele avalia que “deveria haver maior apoio e incentivo da parte da Universidade e do poder público municipal” levando em conta que pessoas com deficiência necessitam de maior cuidado e acessibilidade. O atleta destaca a importância de se praticar um esporte, o que diminui muitos problemas de saúde como depressão, pressão alta, e também o não envolvimento com vícios e atividades ilícitas.

Foi feito um bate-papo com o atleta e representantes do Laboratório de Atividade Física Adaptada e Grupos Especiais (LAFAGE) do Curso de Educação Física da Regional, que conduz este projeto de extensão, onde eles apontaram suas expectativas e ponto de vista em relação ao projeto e aos campeonatos.

Levantaram-se pontos positivos e o que precisa ser aprimorado para o bom andamento dos trabalhos já iniciados por parte do departamento em conjunto com o atleta.

Bate-papo com o atleta:

1. Qual foi a sensação de participar do Campeonato Brasileiro e do Campeonato Goiano de Basquete em Cadeira de Rodas?

Participar do Campeonato Brasileiro de Basquetebol em Cadeira de Rodas foi uma
sensação indescritível, pois é uma realidade totalmente diferente daquela que
imaginava, pelo nível técnico das outras equipes, embora todas tenham o mesmo
objetivo: ganhar. Já o Campeonato Goiano apresenta muitos problemas, pois falta colaboração, interesse, disciplina e companheirismo por parte de alguns integrantes do grupo de jogadores que representa Catalão por meio da ASPEDEC e UFG, o que se deve muitas vezes à falta de recursos para a ajuda de locomoção/translado dos mesmos até o local de realização das aulas/treinamentos.

 

Projeto de Basquetebol em Cadeira de Rodas

Participação do grupo do Projeto de Extensão "Basquetebol em cadeira de rodas" da Regional Catalão na primeira etapa do VII Campeonato Goiano de Basquetebol em Cadeira de Rodas, realizada em Anápolis-GO.

 

2. Quais as expectativas para os próximos campeonatos?

Se fosse considerar o último Campeonato Goiano é totalmente desmotivador por falta do comprometimento de parte dos jogadores que compõem nossa equipe, dos organizadores do evento e da própria Federação Goiana de Basquetebol em Cadeira de Rodas (FGBC). Mas tenho a expectativa que melhore não só o comprometimento dos atletas como também da FGBC e sua organização.

3. Como você se vê frente ao departamento, recebe apoio e amparo?

Referente à equipe (monitores e bolsistas da Regional Catalão) que presta o treinamento sim. Porém avalio que deveria haver maior apoio e incentivo por parte da Universidade e do poder público municipal, pois cada pessoa com deficiência praticando esporte/atividade física é menor a probabilidade desta, apresentar problemas de saúde como depressão, pressão alta, etc., bem como se envolver com vícios e atividades ilícitas.

4. Quais foram os resultados das participações nos campeonatos dos dias 24 a 29/ 11 e dias 5 a 7/12?

Referente ao Campeonato Brasileiro de BC, realizado nos dias 24 a 29/11, onde foram disputados três jogos, avalio como positiva a participação, pois ganhamos duas partidas. Porém, devido à desorganização da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas (CBBC) algumas equipes foram prejudicadas na classificação final do campeonato. Já referente à participação na VII Campeonato Goiano de Basquetebol, realizado no período de 5/12 a 7/12, os resultados não foram satisfatórios devido à falta de comprometimento por parte de alguns jogadores do grupo.

Bate-papo com a equipe do Laboratório de Atividade Física Adaptada e Grupos Especiais (LAFAGE) - Laboratório do Curso de Educação Física da RC/UFG:

1. Qual foi o motivo da criação do projeto "Basquete em cadeiras de rodas"?

A cidade de Catalão - GO apresentava nos anos de 2009 e 2010 um único espaço para a prática esportiva orientada para pessoas com deficiência física. Neste espaço realizava-se o projeto intitulado "Chute, Tabela e Xuá", que visava à prática do basquetebol em cadeira de rodas, projeto idealizado pela FGBC em parceria com instituições públicas e privadas. Este projeto acontecia em seis núcleos distribuídos no Estado de Goiás, quais sejam: Catalão, Rio Verde, Aparecida de Goiânia, Niquelândia, Anápolis e Senador Canedo.

Em setembro de 2010, o projeto encerrou suas atividades na cidade de Catalão - GO e, desde então, com a posse da nova diretoria da Associação das Pessoas Portadoras de Deficiência de Catalão (ASPEDEC), a qual era uma das parceiras na realização do projeto em Catalão - GO, a mesma iniciou um contato com o Curso de Educação Física da Regional Catalão/UFG para a retomada e ampliação do projeto de iniciação esportiva do Basquetebol em Cadeira de Rodas.

Neste sentido, em março de 2011, o diretor da ASPEDEC realizou uma reunião com os professores do Laboratório de Práticas Esportivas e Lutas (LABPEL) e do Laboratório de Atividade Física Adaptada e Grupos Especiais (LAFAGE), ambos do Curso de Educação Física da Regional Catalão/UFG, para que fosse viabilizada a retomada do projeto Basquetebol em Cadeira de Rodas, como uma ação inicial e em momentos subsequentes a este projeto, que outras ações fossem encaminhadas frente à inclusão ao esporte, ao lazer e à educação das pessoas com deficiência física de Catalão e região.

Optou-se pelo Basquetebol em Cadeira de Rodas por entender que este é um esporte adaptado, a partir do basquetebol convencional, para suprir as necessidades especiais de pessoas com deficiência. Outro fator relevante era o fato do Curso de Educação Física da Regional Catalão/UFG já possuir as cadeiras adaptadas para a prática do esporte em questão, bem como acadêmicos qualificados para auxiliar as atividades inerentes ao projeto, uma vez que tais alunos participaram do Curso de Capacitação: Basquetebol em Cadeira de Rodas (cadastro PROEC/UFG/CAC 787/09), realizado no período de 04 a 06 de junho de 2009, em Catalão - GO, o qual foi promovido pelo Curso de Educação Física da Regional Catalão/UFG em parceria com a FGBC.

2. O que o atleta tem proporcionado ao departamento?

O atleta tem proporcionado um maior estímulo aos bolsistas e monitores que participam do projeto tendo em vista sua participação assídua e regular nas aulas/treinamentos de basquetebol em cadeira de rodas que são realizadas duas vezes por semana na quadra coberta do Curso de Educação Física da Regional Catalão/UFG.

Por outro lado, tem evidenciado a importância, o reconhecimento e a valorização do trabalho que tem sido desenvolvido no projeto de extensão que ocorre nas dependências do referido curso, visto que já foi chamado para atuar junto a outras equipes do estado de Goiás como, por exemplo, a Leões sobre Rodas (equipe da cidade de Aparecida de Goiânia-GO).

3. Quais objetivos já foram alcançados e quais ainda pretendem alcançar?

As ações dos monitores, bolsistas e coordenação do projeto de extensão em basquetebol em cadeira de rodas têm sido desenvolvidas com muito empenho e comprometimento de forma que alguns objetivos têm sido alcançados sim, mesmo que parcialmente, como, por exemplo:

a) proporcionar a participação das pessoas com deficiência física, integrantes do projeto, em eventos acadêmicos e culturais, no intuito de estimular o processo de inserção social em Catalão e região;

b) viabilizar a participação dos integrantes do projeto em competições esportivas (festivais, torneios, campeonatos);

c) desenvolver um trabalho multidisciplinar com diversas áreas do conhecimento da Regional Catalão/UFG, pois na equipe de monitores e bolsistas há a participação de alunos do Curso de Educação Física, Enfermagem e Psicologia, por exemplo;

d) estimular o processo de reabilitação física e psicológica das pessoas com deficiência física;

e) qualificar/habilitar os acadêmicos que participam do projeto de extensão para o
trabalho com pessoas com deficiência física.

Acreditamos, contudo, que há necessidade, ainda, de desenvolver ações que contribuam para sensibilizar a sociedade catalana sobre a importância da inclusão social da pessoa com deficiência física, a partir da prática esportiva, de forma a conseguirmos mais parcerias (públicas e privadas) para manter as atividades do projeto, como o transporte adaptado, compra de material (por exemplo, cadeiras novas) e manutenção das cadeiras que já possuímos.

Outro aspecto que precisamos trabalhar é a sensibilização, das próprias pessoas com deficiência física e seus familiares, sobre a importância da prática esportiva e as contribuições desta para a inclusão social e melhoria da autonomia, autoestima e da qualidade de vida dos praticantes. Avaliamos que somente por meio desta sensibilização haverá maior procura e participação deste grupo de pessoas não só no projeto de basquetebol em cadeira de rodas, mas também, nos demais projetos de extensão voltados para esse público e que são desenvolvidos pelo Curso de Educação Física da Regional Catalão/UFG.

Fonte: ASCOM - Regional Catalão/UFG

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